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HERNANDES PEREIRA RADIALISTA E POETA
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A MULHER QUE ME AMOU.

      A MULHER  QUE ME AMOU.

  HERNANDES PEREIRA.

 

      A mulher que me amou foi  dedicada

Talvez como uma santa ela fosse

Sensual, complacente e riso doce

Heroína em defesa da morada.

Eu dormia em cama separada

Ela numa e eu noutra camarinha

Se eu a convidava ela vinha

Mas se ela chamava eu não ia:

A mulher que me amou não merecia

As maldades que eu fiz a coitadinha.

 

         Ela é bela de dar inveja em  flor

Pura  como  gotículas de orvalho

Firme como a haste do carvalho

Resistente ao frio e ao calor

O seu   hálito  embriaga de amor

Seu sorriso alenta a quem definha

Seu olhar ilumina a quem caminha

A procura  de paz e alegria:

A mulher que me amou não merecia

As maldades que eu fiz a coitadinha.

 

      Quando ela era minha  namorada

Tolerou tudo que é  mau costume

Suportou meu nervoso e meu ciúme

- até mesmo por outra ser  trocada.

Companheira, fiel e dedicada

Nos deveres mais árduos da cozinha.

Teve sempre orgulho de ser minha

Me ajudou sempre em tudo que podia

A mulher que me amou não merecia

As maldades que eu fiz a coitadinha.

 

     (continua)

 

 

 

 

 

       

       Ela é uma mulher da melhor classe

Fosse em baile, em missa ou quermesse

Só ficava se eu lá estivesse

Só usava uma roupa  se eu gostasse

Se eu saísse de casa e de morasse

Ela firme na porta si detinha

Ansiosa, enquanto eu não vinha

Ela, lá – não comia e nem dormia.

A mulher que me amou não merecia

As maldades que eu fiz acoitadinha.

 

      Consultando meu subconsciente

Descobri  dentro da minha lembrança

Que o  ciúme e a desconfiança

Me fizeram um ser indiferente

A mulher  que me amava francamente

Foi esposa, amante, mãe e madrinha;

Mas o  homem  que  se desencaminha

-  Com uma santa ainda faz o que eu fazia

A mulher que me amou não merecia

As maldades que eu fiz a coitadinha.

 

        A mulher eu me amou, alem de bela

É   da honra a forma mais legítima

Mas o próprio amor a Fe de vítima

De quem  tanto  fingiu – sem  gostar dela

Só no céu pode ter igual aquela

Mas do CE para cá,  outra não vinha

Mesmo santa por santa uma eu tinha

E do inferno quem reza, sai um dia

A mulher que me amou não merecia

A as maldades que eu fiz a coitadinha.

 

 

                 (  continua)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

         Dos meus modos grosseiros só sorria

Perdoava meus gestos violentos

Procurava entender meus  sentimentos

Se em busca de mim se conduzia

Me  chama de Rei , - do lar fazia

Um reinado para ser minha rainha.

Mas o homem que para o mau caminha

Vê a estrada do bem , mas se desvia

A mulher que me amou não merecia

As maldades que eu fiz a coitadinha.

 

         Dei motivos demais pra  seu desgosto

Feri fundo demais seu coração

Mostrei falsos exemplos de paixão

E fiz da solidão o seu encosto

Provoquei  tristes rugas no seu rosto

Fiz sumir o  seu ar de princesinha

Se ela sofre a culpa é toda minha

Se eu sofro é pagando o que eu fazia

A mulher que me amou não merecia

As maldades que eu fiz a coitadinha.

 

     Muitas vezes deixei-a – não honesta !

Solitária em casa a minha espera

E caía na farra com a galera

De malandro e dama desonesta.

Eu na sexta saía para festa

E somente segunda feira eu vinha

Escondendo a tristeza que ela tinha

 No batente a sorrir me e recebia.

A mulher que me amou não merecia

As maldades que eu fiz a coitadinha.